Nissan deu "o maior que a perna", diz CEO
A problemática montadora teria planejado crescimento que não veio, e tudo começou quando Carlos Ghosn estava no comando

A principal prioridade para o novo CEO da Nissan, Ivan Espinosa, é colocar a empresa, que está em dificuldades financeiras graves, numa espécie de "modo de recuperação". Decisões drásticas foram tomadas desde o primeiro dia: cortar 20.000 empregos, fechar sete fábricas, eliminar seis plataformas, reduzir a complexidade das peças em 70% e interromper o desenvolvimento de determinados modelos.
Esses são os principais pontos de uma longa lista de medidas de corte de custos. Mas como a montadora japonesa chegou a esse ponto? Em palestra na Cúpula sobre o Futuro do Automóvel do jornal Financial Times, Ivan Espinosa disse que os primeiros problemas surgiram há cerca de uma década, quando a Nissan estabeleceu uma meta otimista de vender oito milhões de veículos por ano. Isso está muito longe dos últimos números publicados no início desta semana. As entregas ficaram em apenas 3,3 milhões no ano fiscal de 2024 do Japão, que começou em 1º de abril de 2024 e terminou em 31 de março de 2025.

A revista Motor Trend cita Espinosa, dizendo que a Nissan gastou muito para aumentar a capacidade de produção e expandir sua força de trabalho para perseguir o que acabou sendo uma meta de vendas excessivamente ambiciosa. Esses planos foram feitos sob o comando de Carlos Ghosn, o mesmo homem que recentemente descreveu a Nissan como estando em uma "situação desesperadora", culpando a equipe de gerenciamento por ser lenta para agir.
O novo chefe da Nissan afirma que o "problema fundamental" se aprofundou ao longo dos anos porque "ninguém fez nada para consertar isso até agora". As novas medidas anunciadas esta semana fazem parte do "plano Re:Nissan" para cortar despesas depois que a empresa registrou um prejuízo impressionante de US$ 4,5 bilhões no último ano fiscal.
"Deixe-me começar explicando por que estamos aqui. Isso não é algo que aconteceu nos últimos dois anos. É mais um problema fundamental que provavelmente começou em 2015, quando a gerência pensou que a empresa poderia atingir [vendas globais anuais de veículos] em torno de oito milhões. Houve investimentos pesados tanto em termos de capacidade planejada quanto em recursos humanos, mas a realidade hoje é que estamos operando com cerca de metade desse volume. E ninguém fez nada para consertar isso até agora."
Quando perguntado se a Nissan tem o que é preciso para se recuperar, ele respondeu: "Estamos muito confiantes com o plano e vamos levá-lo adiante". A estratégia de redução de custos também inclui o fortalecimento dos laços com a Renault e a Mitsubishi. A Nissan também está trabalhando mais de perto com sua aliada chinesa Dongfeng e não descarta a possibilidade de permitir que a Dongfeng construa carros na fábrica da Nissan em Sunderland. A fábrica subutilizada do Reino Unido não está entre as sete unidades que estão sendo fechadas.

Ainda assim, cortar custos e formar alianças não será suficiente para salvar a Nissan. Ela precisa de novos produtos e, felizmente, eles estão a caminho. Mais de 10 novos modelos estão programados para a região das Américas nos próximos anos, começando com o crossover Leaf, um Sentra de nova geração e um Rogue híbrido plug-in baseado no Mitsubishi Outlander. A próxima geração do Rogue oferecerá trens de força a gasolina, PHEV e tecnologia de extensão de alcance E-Power. Um SUV elétrico e robusto inspirado no Xterra também está sendo preparado.
No Brasil, a Nissan tem se reestruturado e os primeiros os foram dados com o fechamento da fábrica da Argentina. A Frontier, fabricada por lá, deve ser renovada e começar a ser importada ao nosso mercado a partir do México futuramente. A empresa ainda repensou o posicionamento do Kicks atual, adicionado o sobrenome Play e o colocando na base de seu catálogo. Nos próximos meses, a nova geração do Kicks, maior e mais cara, deve chegar para competir com o Jeep Com. Por último um terceiro SUV deve chegar e, como o Motor1.com Brasil revelou com exclusividade, seu nome será Kait e não será menor que Kicks Play.
Na Europa, o March da próxima geração será um Renault 5 com emblemas da japonesa, acompanhado pelos SUVs Juke e Qashqai elétricos equipados com o sistema E-Power (elétrico com extensor de autonomia) da próxima geração. No Japão, a Nissan apresentará um kei car atualizado, uma van grande de última geração com E-Power e um Skyline totalmente novo. Vários novos produtos também estão planejados para a Índia, Oceania e África.
Ok, mas e quanto aos carros divertidos" e expressou interesse em reviver o Silvia. No entanto, a dura realidade é que os carros esportivos são produtos de nicho que não ajudam realmente as finanças. A Nissan tem prioridades maiores para se recuperar após anos de perdas financeiras. Concentrar-se em SUVs e, ocasionalmente, em sedãs e minivans faz mais sentido para melhorar o balanço patrimonial.
Fonte: Automotive News, Motor Trend, Financial Times
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