Oficial: Nissan cortará 20.000 empregos e 7 fábricas em todo o mundo

Novo plano do CEO da empresa prevê redução severa de empregos e foco na lucratividade no lugar do volume

Foto de: Nissan

Por: Eleonora Lilli

Traduzido por: Thomas Tironi

13 Mai em 14:10

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E aconteceu: depois de rumores do jornal japonês Nikkei apontarem ontem (13/5) que a Nissan teria que fazer muito mais cortes para voltar a ser lucrativa até 2026, a marca japonesa anunciou apenas um dia depois seu novo plano de reestruturação.

Apresentado pelo novo CEO da Nissan, Ivan Espinosa, o plano "Re:Nissan", envolve um corte de cerca de 20.000 empregos em todo o mundo, ou cerca de 1 em cada 7 funcionários globalmente, além do fechamento de sete fábricas até 2027.

Teste: Nissan Sentra Advance 2025 (Brasil)

Fonte: Motor1.com

O plano Re:Nissan

O plano Re:Nissan, anunciado hoje, representa uma grande reestruturação da empresa japonesa para lidar com a grave crise financeira que começou em novembro de 2018 com a prisão do então presidente Carlos Ghosn em Tóquio, acusado de subestimar sua própria remuneração e usar fundos da empresa para fins pessoais.

Esse evento desencadeou uma série de consequências negativas para a empresa, incluindo queda na confiança dos investidores, uma deterioração na aliança com a Renault e um declínio nas vendas globais, principalmente na Europa e na América do Norte.

Parte desse plano já começou com o fechamento de suas operações na Argentina e o cancelamento de um projeto para uma nova fábrica de baterias em Kitakyushu, no sul do Japão. Além disso, está planejada uma reestruturação das operações de fabricação no México, embora ainda não tenham sido divulgados detalhes específicos.

No que diz respeito aos EUA, a Nissan anunciou reduções de turnos em três fábricas: Smyrna (Tennessee), Canton (Mississippi) e Decherd (Tennessee), com o objetivo de reduzir a produção no país em cerca de 25%.

Nissan Frontier PRO-4X

Na China, a empresa decidiu fechar a fábrica na província de Jiangsu, devido à intensificação da concorrência de preços dos veículos elétricos e à crescente popularidade dos carros produzidos por marcas locais. Na Europa, mais precisamente na Espanha, lembramos que o fechamento da fábrica de Barcelona, anunciado em 2020, resultou na demissão de cerca de 3.000 trabalhadores.

Até o momento, a Nissan não forneceu mais detalhes sobre as demais fábricas previstas para serem fechadas. No entanto, indicou que as decisões serão orientadas por critérios de eficiência, demanda do mercado e lucratividade.

Nissan Versa 2025

Foto de: Nissan

Menos volume e mais lucro

Ao anunciar o plano, Espinosa reiterou a urgência de se afastar da estratégia anterior de se concentrar em volume para se concentrar em um modelo de negócios mais enxuto e mais lucrativo, melhorando a eficiência da produção e reduzindo a complexidade dos componentes em até 70%.

O plano Re:Nissan faz parte da jornada de transformação da empresa, atuando como uma ponte entre o plano Nissan NEXT (2020-2023) e a visão de longo prazo Nissan Ambition 2030, com foco no plano 'The Arc', que inclui ações de médio prazo para os anos fiscais de 2024 a 2026 e ações de médio a longo prazo a serem implementadas até 2030. Além disso, o Re:Nissan também afetará a Renault, parceira histórica da Nissan, com um impacto estimado de 2,2 bilhões de euros nas contas intermediárias da montadora sa.

Foto de: Motor1.com

Resultados financeiros de 2024

No ano fiscal encerrado em 31 de março de 2025, a Nissan vendeu cerca de 3,35 milhões de veículos. A receita global foi de aproximadamente 76 bilhões de euros (R$ 476,5 bilhões), com um lucro operacional — antes de juros e impostos — de 420 milhões de euros (R$ 2,63 bilhões), o que representa uma margem operacional de apenas 0,6%.

Apesar do lucro operacional, o prejuízo líquido foi de cerca de 4 bilhões de euros (R$ 25,08 bilhões). O fluxo de caixa da divisão automotiva também foi negativo, em torno de 1,45 bilhão de euros (R$ 9,09 bilhões). A perda operacional nesse setor foi de 1,3 bilhão de euros (R$ 8,15 bilhões).

Nissan Kicks 2025

Fonte: Jeff Perez / Motor1

No último trimestre, a receita foi de 21 bilhões de euros (R$ 131,67 bilhões), com lucro operacional modesto de 35 milhões de euros (R$ 219,45 milhões). Ainda assim, o período fechou com outro prejuízo líquido de 4 bilhões de euros (R$ 25,08 bilhões).

As previsões para o ano fiscal de 2025 permanecem incertas, principalmente pelos possíveis efeitos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. A Nissan ainda não divulgou estimativas de lucro ou prejuízo, e também não planeja distribuir dividendos em 2024 ou 2025.