Super híbrido: o que é exatamente a tecnologia que BYD alardea?
Da China vem uma nova designação de motor híbrido, mas com aquele algo a mais que pode fazer a diferença

Híbrido leve, híbrido intermediário, híbrido completo, híbrido plug-in, EREV... É praticamente impossível não se confundir com todas essas possíveis variantes de carros híbridos. Aqueles, para ser mais claro, que usam motores térmicos e elétricos, com diferentes lógicas de operação.
E como se isso não bastasse, os carros super híbridos também estão chegando ao mercado. Uma terminologia adotada pela primeira vez pelos chineses Jaecoo 7 (Chery Group) e Geely Group, mas que começou a ser alardeada aos quatro ventos pela BYD no Brasil. Mas agora até a Volkswagen começou a falar sobre super-híbridos.
Porém, vale destacar, que a nova nomenclatura faz sentido. Se no Brasil, marcas chamam híbridos-leves de 12V como carros verdadeiramente híbridos, o super híbrido surge como uma maneira de as empresas que investiram mais para oferecer um produto com maior capacidade elétrica se diferenciarem de rivais com produtos que nem têm capacidade de tracionar as rodas
Daí a pergunta: o que são e o que é super nesses novos carros híbridos?

BYD Seal U DM-i
Carros plug-in 2.0
Para simplificar ao máximo, os "super híbridos" são carros híbridos plug-in avançados, ou seja, carros com baterias recarregáveis muito maiores (a partir de 20 kWh), capazes de garantir uma autonomia particularmente alta no modo elétrico (com apenas o motor elétrico funcionando).
De fato, já existem no mercado há algum tempo alguns modelos capazes de percorrer mais de 100 km no ciclo de homologação com o motor térmico desligado, como o Mercedes GLC e o Classe C, o Range Rover e o Range Rover Velar europeus. No entanto, a denominação "super híbrido" só vem ganhando espaço nos últimos meses, por se afastar do conceito de carro híbrido plug-in de primeira geração que nunca conseguiu se firmar na Europa.
Analisando os registros de 2024, por exemplo, os carros plug-in representaram apenas 7,1% das vendas, abaixo até mesmo dos elétricos (13,6%) e dos a diesel (11,9%). Sem enfeites: têm sido um fracasso na Europa. No Brasil, por outro lado, o segmento vem crescendo. Em 2024, foram vendidos 115.743 carros híbridos considerando todos os tipos de eletrificação. Quase o dobro do registrado pelos puramente elétricos (61.615 unidades).
Mas o que leva a esse desempenho pior na Europa? Os preços são altos e, embora o motor a gasolina ou a diesel garanta o uso normal do carro, para aproveitar ao máximo o trem de força é preciso recarregar as baterias que, além dos casos mencionados acima, não garantem uma quilometragem elétrica particularmente alta. Caso contrário, você estará carregando toneladas de baterias que penalizam o desempenho e o consumo. Se durante anos elas foram apontadas como a ponte ideal entre o térmico e o elétrico, bem, essa ponte está se mostrando superestimada.
Até porque essas são tecnologias delicadas, que têm na bateria seu núcleo vital, às vezes com problemas graves que podem inutilizar o carro.

BYD Song Plus 2025
Tornando a necessidade uma virtude
Portanto, a ideia na China é a seguinte: começar mudando o nome. Naturalmente, acrescentando inovações técnicas e mecânicas, às vezes aumentando o tamanho das baterias, com autonomias totais - acrescentando o tanque de combustível e a potência do acumulador - que excedem em muito os 1.000 km de autonomia. Chegando a 1.300 km, número aferido por nossos colegas do Motor1.com Italia a bordo do Jaecoo 7 Super Hybrid.
Tudo isso, é claro, desde que você use o carro da maneira correta. Que também é a mais simples: comece de casa com o tanque cheio e 100% de bateria, dirija suavemente, aproveitando a frenagem regenerativa. E mesmo as viagens mais longas podem ser feitas de uma só vez. Exceto para paradas técnicas, como uma ida ao banheiro ou para comer.
O foco cada vez maior em plug-ins (mesmo com outro nome) e, de forma mais geral, nos chamados NEVs (New Energy Vehicles, veículos de energia nova) é algo que os fabricantes chineses têm para diferenciar o mercado doméstico, sem se concentrar exclusivamente em elétricos, e para superar as taxas impostas pela Comissão Europeia aos carros elétricos produzidos na China. Eles usam sua experiência em projetar e produzir carros elétricos, acrescentam um motor a gasolina e pronto.
Um exemplo que também está ganhando terreno na Volkswagen, onde o super híbrido (acompanhado pela sigla plug-in) está agora em casa, dedicado aos modelos eHybrid, como o Golf, Tiguan, Tayron e at, todos com uma autonomia elétrica declarada de mais de 100 km, graças a uma bateria de 19,7 kWh de capacidade líquida. Uma atualização tecnológica e de desempenho que permite que você viva eletricamente, sem a ansiedade de ter que recarregar a todo custo para evitar ficar preso.
Uma questão de velocidade
O termo super híbrido, portanto, fala de uma maior potência da bateria, não apenas em termos de kWh, mas também em termos de sua capacidade de recarregar mais rapidamente. Tomando como exemplo a linha eHybrid da Volkswagen, mencionada anteriormente, agora em corrente alternada (CA) ela atinge 11 kW, enquanto em corrente contínua (CC) o pico máximo é de 50 kW. Desempenho com o qual as gerações anteriores de carros plug-in sonhavam.
No caso do BYD Seal U DM-i, o nosso Song Plus , a potência máxima de carregamento em CA é de 11 kW, enquanto em CC chega a 18 kW. O Jaecoo 7 Super Hybrid, por outro lado, para em 6,6 kW em CA, mas consegue atingir 40 kW em CC.

Jaecoo 7 Super Hybrid
Super híbridos chineses, o que são
Na China, há muitos modelos de trem de força com autonomia particularmente alta que dispensam a designação de plug-in. O primeiro carro foi o BYD Seal U DM-i, que significa Dual Mode intelligence (inteligência de modo duplo). Inteligência de modo duplo: o elétrico para se locomover e o motor a gasolina (um 1.5 turbo de 4 cilindros) para recarregar as baterias de 18,3 kWh ou 26,6 kWh. O resultado é uma autonomia total de mais de 1.000 km.
O Jaecoo 7 Super Hybrid tem um funcionamento semelhante: motor 1.5 turbo a gasolina, bateria de 18,3 kWh e dois motores elétricos. A unidade térmica também atua como um gerador para as baterias, com uma autonomia total de 1.300 km.
Por fim, o sistema que acaba de ser apresentado pela Geely na Europa, o Super Methanol Hybrid, que deve replicar o esquema da BYD e da Jaecoo, acrescentando a possibilidade de alimentar o motor térmico com uma mistura (proporção variável) de metanol e gasolina, reduzindo assim as emissões e o consumo.
Modelo | Seal U DM-i (Song Plus ) | Jaecoo 7 | Geely |
Motor térmico | 1.5 turbo a gasolina 96 cv |
1.5 turbo a gasolina 143 cv |
Gasolina - metanol |
Motor elétrico | 194 cv (FWD); 204 cv e 163 cv (AWD) |
204 cv | n.a. |
Capacidade da bateria | 18,3 kWh ou 26,6 kWh |
18,3 kWh | n.a. |
Capacidade do tanque | 60 litros | 60 litros | n.a. |
Autonomia elétrica | 80 km (18,3 kWh) 120 km (26,6 kWh) |
90 km | n.a. |
Autonomia total | > 1.000 km | 1.300 km | > 1.000 km |
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