page ad skin

Volta longa: 3208 km em uma Ford Ranger Raptor

Precisar não precisa, mas é tão legal...

Ford Ranger Raptor - Viagem
Foto de: Motor1.com

Para uma viagem longa de carro, o que é essencial? Um bom planejamento com rotas, pontos de interesse, hotéis, informações, dinheiro vivo para emergências e um bom App de GPS (ninguém mais usa mapa impresso, né?). Certo, mas e o carro, o que ele precisa ter? Em um consenso aqui na redação, o ideal seria um carro alto, com pneus altos e largos, amplo espaço interno, um bom ar-condicionado e uma boa multimídia. Assim nasceu a pauta da viagem.

Desde que cheguei aqui no Motor1.com, já fiz dois testes de volta longa. O objetivo é trazer impressões de que não se pode ter em um test drive de concessionária. Foram 1.000 km rodados em todo tipo de terreno em uma BYD Shark e na Nova Mitsubishi Triton, conseguindo avaliar como é a vida a bordo em longas viagens e como o carro se comporta.

Ford Ranger Raptor - Viagem
Foto de: Motor1.com

Exageros?

Voltando ao consenso da redação, decidimos extrapolar na escolha e usar a Ford Ranger Raptor, uma pick-up com apelo esportivo e off-road que tem todos os atributos do nosso consenso só que forma exagerada. Altura? 1,92 m, limite para entrar na garagem da minha casa. Largura? 2,20 m, e só entrou com os espelhos recolhidos e com o porteiro me olhando com espanto. Pneus? 285/70/17, altos, largos e um pouco mais barulhentos no asfalto.

Até aqui, você já entendeu que tudo é superlativo nela. Mas não para por ai. Cambio de 10 marchas, motor V6 bi-turbo de 397 cv, multimídia de 12", 7 modos de condução, 3 modos de ajuste dos amortecedores e custa R$ 490.000,00. É bem mais do que eu precisava para a viagem é, mas porque não?

Ford Ranger Raptor - Viagem
Foto de: Motor1.com

Meu primeiro contato foi indo para casa. Era noite e o trânsito estava bem tranquilo. Estou acostumado a dirigir picapes, mas ainda tive a dificuldade inicial de me adaptar ao tamanho da Ranger. Ser mais alta e larga que o normal impressiona, pois estamos vendo só o teto dos carros menores no trânsito. Quando cheguei em casa foi que o bicho pegou. Entrar no prédio foi difícil, pois era o limite mesmo. Na vaga ficou apertado, mas coube. Já tive minha primeira impressão de não ser tão prática para o dia a dia assim como todas as picapes médias.

Sai de São Paulo no horário de pico. Atenção redobrada com a galera de moto pra não atrapalhar ninguém. Meus espelhos ficavam na altura da cabeça dos motociclistas e, talvez por isso, senti que ninguém chegava muito perto. Sim, o tamanho assusta para quem está em um carro pequeno vendo os pneus cravudos roncando pela janela.

Na estrada, a coisa muda. As dimensões dela vem muito a calhar. Amplo campo visual, suspensão no Comfort deixa qualquer estrada macia e plana, no modo Sport faz a Raptor ter um comportamento bem esportivo. Buracos, que buracos? Ficam praticamente imperceptíveis. A sensação é tão confortável pela soma da suspensão aos pneus que, ao ar em um olho de gato ao mudar de faixa, você só escuta o barulho, sem sentir nada no volante.

Ford Ranger Raptor - Viagem
Foto de: Motor1.com

O motor parece estar sempre pronto para qualquer situação por conta das 10 marchas serem bem escalonadas. O sistema ADAS deixa a viagem bem mais relaxante. Funciona muito bem colocando a Raptor no meio da faixa e fazendo o controle adaptativo de velocidade. Testei largar o volante para ver o que acontece e me surpreendi; como de praxe, após alguns segundos, ele pede para que você segure o volante. Se você continuar sem comandar, ao contrário da maioria dos carros que já andei, a Raptor não desliga o sistema de uma vez, mas começa a diminuir a velocidade gradativamente sem sair da faixa. Achei interessante e fiquei tentado a esperar para ver se ela parava por completo, mas não tive a oportunidade de testar. Conta ponto.

Parei para abastecer. Foi aí que a máxima que “cavalo que anda é cavalo que bebe” se fez presente. A média do primeiro trecho foi de 9,4 km/l e média de 67 km/h, com descida de serra. Mas foi a última vez que vi esse número como consumo.

Ford Ranger Raptor - Viagem
Foto de: Motor1.com

Cheguei em ville com pouco mais de 7 horas de estrada e estava menos cansado do que o normal. É um trajeto que eu estou acostumado a fazer por ter morado em Gravataí (RS) e vir algumas vezes para São Paulo tanto de carro quanto de moto. Os bancos são confortáveis, com ajuste lombar, mas senti falta de um prolongador do assento. Também senti falta de ventilação forçada no banco e ao menos de um porta copo para garrafas maiores. De USB, estava bem servido. Uma entrada tipo a e uma tipo c no console e carregamento por indução. O apoio de braço da porta é bem macio, o que deu conforto para apoiar o cotovelo sem machucar.

O porta copos logo abaixo da saída do ar-condicionado deixou minha água gelada o tempo todo. Em uma viagem longa, é essencial. A central multimidia grande fez seu papel e foi ótima companhia durante a viagem. Fácil de conectar o celular, fácil de operar e mantem todas as configurações do carro centralizadas e um excelente sistema de som assinado pela Bang&Olufsen, assim como o controle do ar-condicionado que funcionou muito bem. O digital de fácil leitura e com diversas configurações de informações. Enfim, até aqui, zero trauma. Jantei um tradicional pastel de marreca com maçã com alguns amigos e bora descansar.

Ford Ranger Raptor - Viagem
Foto de: Motor1.com

Pela manhã, sai de ville, ei em Porto Alegre onde busquei minha namorada e um amigo no aeroporto e tomei o rumo a Santa Cruz do Sul. Primeiro pênalti: o clima era de “vai chover” e a Raptor não vem com capota marítima de série. As malas viraram um ageiro, e nenhum reclamou, tamanho é o espaço interno da Ranger. Viajamos de maneira confortável e pude pegar a opinião de ambos; é grande e legal demais.

Amigos casados, retornei a Porto Alegre e deixei minha namorada no aeroporto, mas antes de iniciar a volta, é claro que eu ia ter de testar a Raptor no off-road, ou melhor, no modo Baja. Toquei para Mostardas, cidade localizada a 200 km ao sul de Porto Alegre e que é bem famosa pelo Farol de Mostardas, que segue funcional, e pela antiga estrada do inferno, que liga Mostardas a Bojuru, que antigamente era de terra e, por isso, era um paraíso para o off road.

Hoje asfaltada, o desafio está nas estradas de areia dos arredores e da praia, que tem o tráfego veicular autorizado. Foi aí que a Raptor surpreendeu. Modo Baja ligado, 4x4 acionado e a estrada de areia parecia asfalto. A Ranger parecia estar em trilhos. Não arrastava a frente, não patinava a traseira, nenhuma dificuldade. Provoquei situações e a Ranger ava de maneira dócil. Pensei comigo que talvez o desafio não fosse tão grande, até por ver alguns carros 4x2 ando de forma cuidadosa, decidi desligar tudo. Ainda estava fácil de conduzir, talvez pelos pneus cravudos e pela suspensão.

Ford Ranger Raptor - Viagem
Foto de: Motor1.com

Quase chegando no Farol de Mostardas, nenhum carro, a estrada fica estreita, com muita areia fofa tanto dos lados quanto na estrada e ondulações que, na menor distração, fariam você atolar, voltei para o modo baja e 4x4 e seguimos com zero problema. Voltei para a estrada pela praia e realmente a Ranger Raptor provou que é boa no on e no off-road.

Bora para São Paulo, com uma parada em Itapema para dormir e fechamos exatos 3208,3 quilômetros rodados em quase 45 horas totais, divididos em 4,5 dias e com média total de 7.2 Km/L, incluindo trecho urbano, estrada e off-road, onde o consumo é normalmente maior. Depois de tudo isso, eu ainda teria andado mais, pois não me senti cansado ao extremo.

O carro tem boa ergonomia e fácil operação de todos os comandos. A única ressalva é para o apoio de cabeça, que mesmo na posição mais alta para os meus 1,90 m, deixavam minha cabeça ligeiramente inclinada para frente e tensionando os ombros. Meu veredicto? Apesar da falta de praticidade na cidade, para quem gosta de carro grande, confortável, faz um off-road com certa frequência e viaja longas distâncias, a Ranger Raptor é uma boa pedida.

Envie seu flagra! [email protected]