Teste instrumentado Citroën C4 Lounge 2019 - Correndo por fora
Pouco mudou no sedã médio da marca sa. Ainda vale a compra?

Para a Citroën, o grande lançamento de 2018 será o C4 Cactus, seu primeiro SUV para entrar na disputada categoria dos utilitários compactos. Mas ela precisava dar atenção para seu sedã médio, o C4 Lounge. Lançado em 2013, ele vinha observando de longe as atualizações da concorrência, formada por Toyota Corolla, Honda Civic e Chevrolet Cruze, apenas para ficar entre os principais. Para a linha 2019, um facelift externo e interno lhe trouxe certo frescor, enquanto as versões foram rearranjadas. Depois de conhecer o sedã renovado na Argentina, onde é produzido, agora foi a vez de colocá-lo em situações do dia a dia para ver se, mesmo ando dos R$ 100 mil nesta versão Shine, ainda consegue ser boa compra diante dos oponentes.
O que é?
O C4 Lounge é basicamente o mesmo carro que estreou em 2013. Para a linha 2019, a maior diferença está na dianteira. Os faróis agregaram elementos cromados que se estendem até a grade fontal e formam a logomarca da Citroën no centro. Na versão Shine, a iluminação é totalmente feita por LEDs, tanto nos faróis baixo e alto quanto nas seta e luzes diurnas. Se por um lado é um sistema bem eficiente, por outro abandonou os faróis direcionais pré-reestilização. No lugar, os faróis de neblina assumem a função de luz de curva, mas não funcionam tão bem quanto o anterior. Faltam também o rebatimento elétrico do retrovisor e o alerta de ponto-cego, que sumiram na mudança.


Quando vi por fotos pela primeira vez, achei a reestilização um retrocesso. Mas, pessoalmente, é melhor do que por fotos (apesar de ainda achar o anterior mais bonito). A nova de LED das lanternas agrada, lembrando o DS 3 quando adotou a lanterna com efeito 3D. As rodas de 17" acompanham o conjunto, com novo desenho e pintura preta e diamantada.
Por dentro, a novidade ficou na parte central. Os controles de ar-condicionado desapareceram (ainda me pergunto o motivo) e agora estão na central multimídia, com tela de 7", sensível ao toque e a mesma interface encontrada nos Peugeot 3008/5008. É rápida e tem espelhamento de smartphones (Apple CarPlay e Android Auto), mas a entrada USB poderia estar escondida no porta-luvas ou no console central. O cabo espetado ali fica jogado quando não fora de uso.

Mudaram também o de instrumentos. No lugar do anterior dividido em três elementos, que era um dos destaques do C4 Lounge, agora há uma tela preta com informações em branco (não configurável). Sabe o tipo de coisa que não precisava mudar? Além do cluster parecer mais simples, reflexos do sol atrapalham a visualização.
Como anda?
Aqui nada mudou - o que é bom por um lado e ruim por outro. Ao lado do Chevrolet Cruze, o Lounge oferece motor turbo para todas as versões (o Honda Civic só adota o 1.5T na Touring, por exemplo). Praticamente um "clássico" da PSA no Brasil, o 1.6 THP flex rende até 173 cv e 24,5 kgfm de torque, trabalhando em conjunto com um câmbio automático de 6 marchas. Com sua força disponível desde as 1.400 rpm, leva bem os 1.500 kg do sedã até mesmo quando está carregado. Quando vazio, é possível rodar com o modo ECO do câmbio ativado, fazendo as trocas abaixo de 2.000 rpm e priorizar o consumo.

Mesmo não sendo um motor de última geração, o THP agrada pelo desempenho. Não que o dono de um sedã médio esteja interessado em sair na frente no semáforo verde, mas o Lounge acelera de 0 a 100 km/h abaixo de 9 segundos. E ainda tem boas respostas nas retomadas, o que facilita as ultraagens na estrada. Para ajudar, o câmbio Aisin faz trocas suaves e não precisa de muitas reduções, devido ao bom torque do propulsor. Em poucas situações me vi colocar a alavanca na posição manual para fazer as trocas eu mesmo. Fruto de um casamento antigo, há boa relação entre motor e transmissão.
Como a palavra-chave do C4 Lounge é conforto, esqueça emoções além das acelerações. A Citroën não mudou qualquer aspecto da direção ou suspensão do sedã, justamente por julgar que seu principal compromisso é com o conforto. Ou seja, a calibração de molas e amortecedores é "solta", justamente para filtrar imperfeições do asfalto, evitando agredir os ageiros com pancadas secas e pulos desnecessários. Mas jogue o sedã em uma curva mais rápida e sinta a carroceria rolar acentuadamente. Nem parece um modelo francês.

Também não dá para falar que o Lounge é um tapete voador pois, com as rodas aro 17", é possível sentir algumas leves pancadas nos batentes quando o buraco é mais fundo. E isso chega até o volante, que acompanha um já ultraado sistema de assistência eletro-hidráulica. O motivo da Citroën manter aquele grande volante? Quanto maior o diâmetro, mais fácil de manobrar um sistema com menos assistência. Para não perder comunicação em altas velocidades (já que a caixa hidráulica tem menor range de variação de peso que uma elétrica), a saída foi deixá-la pesada com um grande aro. Se você for mais atento, sentirá a assistência se desligar em tráfego pesado, ligando quando você faz o movimento na direção, o que demora uma fração de segundo.


Ainda ponto positivo do Lounge, o espaço está entre os melhores da categoria. Para o motorista, há regulagens de altura e profundidade da coluna de direção e para o banco, que é grande e acomoda bem até mesmo os maiores ocupantes. No banco traseiro, sobra espaço para as pernas e para ombros. Com quatro adultos, a viagem é confortável. Com cinco, é possível andar certo tempo, mas o do meio reclamará do apoio de braços nas costas. Já o porta-malas, com 450 litros, é maior que o do Cruze, mas menor que do Corolla (470 litros) e do Civic (519 litros).
Quanto custa?
Esta versão Shine senta no topo da cadeia do C4 Lounge. Tabelada a R$ 102.790, tem itens como os faróis full-LED, partida e abertura de portas com chave presencial, teto-solar e seis airbags. Se pensarmos nos concorrentes, é mais barato que o Toyota Corolla XEi (R$ 105.690), Honda Civic EXL (R$ 106.200) e Chevrolet Cruze LTZ (R$ 109.790).

Mas, na verdade, se você está de olho no C4 Lounge, considere a versão Feel. Por R$ 93.920, você perde os itens que citei acima, mas ainda mantém 4 airbags, central multimídia, ar-condicionado de duas zonas com saída traseira, câmera de ré, controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas, Isofix no banco traseiro, sensores de luz e chuva, faróis de neblina e bancos em couro. É um pouco mais caro que o Corolla GLi (que vem pouco equipado), mas custa menos que o Civic Sport AT (R$ 96.400) e Chevrolet Cruze LT (R$ 96.790).
Diante dos concorrentes, o C4 Lounge sente o peso da idade. A Citroën deveria ter dado mais atenção ao seu sedã, mas dá para entender o outro lado. Em um mundo cheio de SUVs, o foco está no Cactus. Restará ao Lounge apelar aos descontos e versões especiais, como a PCD, para requisitar seu lugar ao sol.
Fotos: divulgação
Ficha técnica - Citroën C4 Lounge 1.6 THP Shine
MOTOR | dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 1.598 cc, 16 válvulas, duplo comando variável, injeção direta, flex |
POTÊNCIA/TORQUE |
166/173 cv a 6.000 rpm; 24,5 kgfm a 1.400 rpm |
TRANSMISSÃO | automática de 6 marchas, tração dianteira |
SUSPENSÃO | independente Mherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | alumínio aro 17" com pneus 225/45 R17 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS |
PESO | 1 500 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.621 mm, largura 1.789 mm, altura 1.505 mm, entre-eixos 2.710 mm |
CAPACIDADES | tanque 60 litros, porta-malas 450 litros |
PREÇOS | R$ 102.790 (+ R$ 1.490 da cor, Vermelho Salta) |
MEDIÇÕES MOTOR1 BR | ||
---|---|---|
Citroën C4 Lounge THP Flex (abastecido com gasolina) | ||
![]() |
Aceleração | |
0 a 60 km/h | 4,0 s | |
0 a 80 km/h | 6,2 s | |
0 a 100 km/h | 8,8 s | |
![]() |
Retomada | |
40 a 100 km/h em D | 6,5 s | |
80 a 120 km/h em D | 6,3 s | |
![]() |
Frenagem | |
100 km/h a 0 | 39,3 m | |
80 km/h a 0 | 24,2 m | |
60 km/h a 0 | 13,6 m | |
![]() |
Consumo | |
Ciclo cidade | 8,5 km/l | |
Ciclo estrada | 14,4 km/l |
Galeria: Citroën C4 Lounge 2019
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